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22.1.07

A voz humana é produzida na laringe por uma estrutura semelhante a um lábio, denominada pregas vocais verdadeiras. Estas são pregas flexíveis, formadas de músculo e ligamento. Quando submetidas à pressão de ar vinda dos pulmões, as pregas vocais abrem-se e fecham-se rapidamente, criando pequenos sopros ou pulsações.
As pulsações emitidas através da abertura entre as pregas vocais (glote), colocam em vibração uma coluna de ar acima da laringe.
O tom laríngeo é seletivamente ampliado e modulado na garganta, boca e nariz. Este processo de "filtragem" é chamado ressonância.
Para emitir corretamente a voz, é necessária uma colocação correta da respiração, sem tensão ou relaxação das pregas vocais. Estas devem ter uma tonicidade "ideal" para que sua movimentação ocorra normalmente.
A respiração deverá ter uma coordenação entre inspiração e expiração, coordenação fono-respiratória, diretividade do sopro expiratório, movimentos livres da musculatura da região torácica e do músculo diafragmático. O tipo de respiração ideal é o costal diafragmático, pois este provoca o alargamento da base dos pulmões, permitindo maior entrada de ar e menor contração da musculatura torácica, pescoço e parte inferior da face (mandíbula e língua).

A voz é o resultado da integração de várias estruturas

Estruturas responsáveis pelo mecanismo da voz e da fala

11.1.07

A Importância Da Fonoaudiologia Preventiva

"Toda criança é um ser humano, fisicamente frágil, mas com o privilégio de ser o começo da vida, incapaz de se autoproteger e dependente dos adultos para revelar suas potencialidades, mas por isso mesmo merecedor do maior respeito." (Dallari & Korczah)
Inicio este texto com este trecho de Dallari e Korczah para passar a importância do desenvolvimento infantil com a participação ativa e efetiva do adulto, que muitas vezes pensa que a criança aprende tudo sozinha, e não é nada assim que as coisas acontecem.
Toda criança é um ser em constante desenvolvimento. Na medida em que a criança se desenvolve, modificam-se: seu organismo, suas proporções físicas, suas capacidades mentais, seus interesses, seu comportamento motor, emocional, social, etc.
Quanto maior e melhor qualidade de estímulos e interação com o meio externo (meio em que a criança convive), melhor será seu desenvolvimento global.
Pesquisas comprovam que:
  • Antes dos 5 anos uma criança consegue facilmente absorver enormes quantidades de informações. Se a criança tiver menos de 4 anos, isso será ainda mais fácil e eficaz; antes dos 3 será ainda muito mais fácil e eficaz; antes dos 3será ainda muito mais fácil e muito mais eficaz; e, antes dos 2 anos será feito de maneira mais eficaz de todas.
  • A criança com menos de 5 anos consegue receber informações numa velocidade incrível. Quanto mais informações uma criança absorve antes desta idade, mais ela retém.
  • A criança com menos de 5 anos tem uma enorme reserva de energia. Pode aprender a ler e quer aprender a ler.
  • Todas as crianças pequenas são gênios lingüísticos. A criança aprende uma língua completa antes dos 5 anos e pode aprender a falar e a ler, prontamente. (Pesquisas de Glenn Doman - Diretor de 7 Institutos nos Estados Unidos)

Esses fatores justificam a importância da atuação do Fonoaudiólogo com bebês e crianças até 5 anos, prevenindo patologias.

Bebês considerados "normais" podem (e devem) ser estimulados, pois apresentam uma enorme "porta" de entrada e armazenamento de informações, em todos os aspectos: motor, visual, auditivo, cognitivo, lingüístico, etc. O atendimento Fonoaudiológico Preventivo vai potencializar o desenvolvimento, fazendo com que bebês e crianças pequenas passem por uma futura vida escolar rica em todos os aspectos, dificultando a instalação de um distúrbio de aprendizagem.

Devemos esclarecer que estimular bebês, não é jogar qualquer tipo de estímulo, na quantidade que se quer, pois o cérebro do bebê também pode ficar estressado, carregado, fazendo com que ele chegue a um estado irritativo. Todo trabalho que seja de estimulação deve ser realizado por profissionais experientes.

Os pais podem (e devem) ajudar sim, brincando, falando com o bebê de frente para ele, oferecendo muito carinho, respondendo aos seus "questionamentos", não estimulando a fala infantilizada, etc. O que importa é a qualidade e não a quantidade de estímulos.

E-mail: flaviampaiva@gmail.com

6.1.07

Dificuldades de Aprendizagem

De acordo com a definição do National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD, 1988), Dificuldades de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisicão e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático.
O ponto mais importante a ser ressaltado é que a criança com dificuldades de aprendizagem não é uma criança deficiente. A criança com dificuldades de aprendizagem é normal, e apenas aprende de uma forma diferente; apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não apresenta deficiência mental, pois possui um potencial normal que não é realizado em termos de aproveitamento escolar.
Tomando como exemplo de dificuldade de aprendizagem a Dislexia, Rabinovitch (1960), um dos primeiros investigadores a integrar aspectos neuropsiquiátricos no conceito desta patologia. Este autor propõe que o perfil da criança disléxica pode ser provocada por:
Aspecto emocional : a capacidade está intacta, mas afetada por influência externa negativa;
Lesão cerebral : a capacidade de aprendizagem encontra-se afetada, devido a uma lesão cerebral manifestada por deficiências neurológicas (e não mentais) evidentes;
Verdadeira dificuldade de leitura : a capacidade de aprendizagem da leitura está afetada, sem nenhuma lesão cerebral detectada nos exames neurológicos.
De acordo com os estudos do autor sobre a Dislexia (um exemplo de dificuldade de aprendizagem, podemos verificar que uma criança com esta patologia não é portadora de deficiência, e sim uma criança que apresenta uma dificuldade específica.
As dificuldades de aprendizagem se manifestam quando o processo de aprendizagem não ocorre conforme o esperado, podendo se manifestar através de vários sintomas.
Podemos observar que numa criança que apresente dificuldade de aprendizagem, existem sintomas que estão sempre presentes: as falhas de percepção visual e/ou auditiva.
O processo perceptivo complexo depende dos sistemas sensórios e também do cérebro. Os sistemas sensórios detectam as informações, convertem esta informação em impulsos nervosos, processam parte dela e mandam a maior parte para o cérebro via fibras nervosas. O cérebro irá desempenhar o papel mais importante no processamento dos dados sensoriais.
Portanto, a percepção depende de quatro operações:
Detecção > Transdução (conversão) > Transmissão > Processamento da informação
A maior parte do processo de informação sensorial realiza-se nas diferentes regiões do córtex cerebral. Na percepção visual, por exemplo, o homem utiliza várias estratégias de processamento para interpretar a informação visual dos objetos, dentre elas: a constância, a figura-fundo, o agrupamento.
Quando a criança com dificuldade de aprendizagem apresenta falhas na percepção visual, ela pode comprometer estes itens todos ou uma parte deles. E assim também ocorre coma percepção auditiva.
O fonoaudiólogo deve saber realizar avaliações muito criteriosas para fazer a triagem de uma criança com queixa de dificuldades de aprendizagem.
Segundo McCarthy (1974), as crianças com dificuldade de aprendizagem apresentam um conjunto de condutas que se desviam em relação à população de crianças que não apresentam tais dificuldades. O autor enumera mais de 100 comportamentos específicos, porém os 10 mais freqüentes são os seguintes:
Hiperatividade;
Problemas psicomotores;
Labillidade emocional;
Problemas gerais de orientação;
Desordens de atenção;
Impulsividade;
Desordens na memória e no raciocínio;
Dificuldades específicas de aprendizagem: Dislexia (distúrbio grave da leitura devido à imaturidade e à disfunção neuropsicológica); Disgrafia (dificuldade no ato motor da escrita); Disortografia (troca de grafemas) e Discalculia (dificuldade para aprendizagem de noções da matemática, que inclui: quantidade, dimensão, ordem, relações, tamanho, espaço, forma, distância e tempo);
Problemas de audição e da fala;
Sinais neurológicos ligeiros e equívocos e irregularidades no Eletro-encefalograma.
A criança com dificuldade de aprendizagem apresenta inteligência normal, adequada recepção sensorial e comportamento motor e sócio-emocional adequado. Possui sinais difusos de ordem neurológica, provocados por fatores ainda hoje pouco claros, mas podendo incluir índices psico-fisiológicos, variações genéticas, irregularidades bioquímicas, lesões cerebrais mínimas, alergias, doenças, etc., que interferem no desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central.
Se acrescentarmos a esses dados aspectos emocionais, afetivos, pedagógicos e sociais inadequados, o quadro torna-se mais complexo.
Bannatyne (1971) apresentou numa visão global e diferenciada as principais características da criança com dificuldade de aprendizagem (ou da criança disléxica), salientando que nem todas as características obrigatoriamente necessitam estar presentes para se identificar o problema:
Problema de discriminação auditiva de vogais;
Inadequada seqüência fonema-grafema;
Fraca associação auditiva e pobre complemento auditivo;
Problemas de linguagem falada;
Problemas de maturação na funções da linguagem;
Alguma eficiência visuoespacial;
Problemas de lateralidade;
Inversão de imagens e de letras;
Inconstância configuracional e direcional;
Dificuldades em associar fatores verbais e conceitos direcionais;
Dificuldades no ditado (integração auditivo-visual-motora);
Fraco autoconceito.
Muitas vezes, a escola adota um critério seletivo e de rendimento que pode influenciar e reforçar a inadaptação escolar, culminando muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinqüência ou em sociopatias múltiplas.
Vamos determinar o que não é uma criança ou um jovem com dificuldades de aprendizagem, utilizando um diagnóstico por exclusão. A criança ou jovem com este problema:
Não aprende normalmente;
Não tem deficiências sensoriais (visuais ou auditivas). O que ocorre muitas vezes, é uma falha no processo de percepção e discriminação (perceber e discriminar visualmente e/ou auditivamente);
Não tem deficiência mental;
Não tem distúrbios emocionais graves;
Não emergiu de um contexto de privação ambiental ou sócio-cultural.
A importância da identificação precoce:

Na prática, a identificação precoce dos distúrbios de aprendizagem>, se faz de modo a evitar os problemas que tendem a se complicar com a evolução escolar.
Esses pequenos problemas costumam surgir na idade pré-escolar, onde geralmente são identificados pelos professores. A pré-escola é o período mais adequado para a identificação das dificuldades de aprendizagem, pois assim, podemos garantir uma intervenção preventiva nos seguintes parâmetros de desenvolvimento:
Linguagem;
Psicomotricidade;
Percepção auditiva e visual;
Comportamento emocional.
A identificação não é um diagnóstico, mas sim um processo de despistagem e rastreio, voltando a atenção para as necessidades educacionais específicas das crianças.
A identificação precoce dos problemas deve levar em consideração vários fatores, conforme exemplo a seguir:
Compreensão auditiva: compreensão do significado das palavras; discriminação de pares de palavras; discriminação de frases absurdas; compreensão de histórias lidas; compreensão dos diálogos realizados dentro da classe; memória de curto termo (palavras e frases); retenção da informação e execução de instruções verbais, etc.
Linguagem: vocabulário; organização gramatical; formulação de idéias (fluência); contar histórias; relatar fatos e experiências e acontecimentos; descrição de figuras e ilustrações; explicação e fundamentação de opiniões; qualidade e entonação da fala; reprodução de canções, rimas, etc.
Percepção visual: discriminação, identificação, complemento (gestalt), memória; coordenação visuomotora; figura-fundo; constância de forma; posição e relação de espaço; escrutínio visual; etc.
Orientação: orientação espacial; apreciação das relações; lateralidade em si e nos outros; direcionalidade; ritmo; apreciação do tempo; etc.
Psicomotricidade: equilíbrio; imagem corporal; imitação de gestos; desenho do corpo; agilidade; motricidade fina; manipulação de objetos; etc.
Criatividade: espontaneidade; curiosidade; exploração; dramatização; modelação; pintura; desenho; invenção; imaginação; grafismo; etc.
Comportamento social: cooperação com outras crianças e com adultos; atenção; organização; auto-suficiência; atividade lúdica; responsabilidade; cumprimento de tarefas; etc.
A intervenção fonoaudiológica se faz mais eficiente quanto mais cedo for colocada em prática. É importante lembrar que a intervenção é conseqüência de uma identificação dos sinais que funcionam como alerta para alguma coisa de "errado" que está acontecendo com a criança.
Até o próximo artigo, com mais informações sobre Fonoaudiologia e áreas afins!
E um FELIZ 2007 PARA TODOS OS LEITORES E FAMÍLIA!!!

Fonoaudiologia Gerontológica

Como sabemos, a Fonoaudiologia de um modo geral, tem como objetivo não somente a habilitação e/ou a reabilitação, mas também a busca de uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

A Fonoaudiologia Gerontológica, se propõe a não somente tratar da patologia, mas também de acompanhar todo o processo de envelhecimento, com seus aspectos biológicos e psicossociais, garantindo assim, uma manutenção e intensificação das funções físicas e cognitivas do idoso.

Devemos estar muito bem informados no que diz respeito à nutrição dos idosos, aos processos demenciais, ao processo normal de envelhecimento, ao funcionamento da memória (que na maioria das vezes vai precisar ser trabalhada), etc.

Temos dois conceitos importantes para o trabalho com a terceira idade:
- Senescência: envelhecimento fisiológico;
- Senilidade: envelhecimento patológico.

Vamos considerar alguns processos de senescência: as principais alterações do ouvido na terceira idade, em geral, levam somente à diminuição da audição (Presbiacusia). Podem ter várias causas, como: a otosclerose; as intoxicações por alguns tipos de medicamentos; otites; acidente vascular encefálico; tumores; e até mesmo pelo acúmulo de cerúmen (ou cera).

O processo de envelhecimento que atinge a audição não é considerado patológico, mas sim uma perda natural de função. A otosclerose, por exemplo, é um processo de envelhecimento dos ossículos que formam o sistema auditivo, e que não leva à surdez, mas sim a uma perda parcial que se mantém estável, não tendendo à piora, sendo uma alteração auditiva do tipo condutiva. Pode ser acompanhada de zumbido, o que em geral ocorre nos dois ouvidos, levando a uma piora devido ao estado emocional, ansiedade e nervosismo.

Quando o zumbido está de um só lado, e há diminuição auditiva acentuada, em geral pode ser sintoma de pequenos tumores localizados na região do ouvido.

O processo de envelhecimento produz, normalmente, um declínio na acuidade visual, que em geral é discreto. A partir dos 60 anos, pode ocorrer a opacificação do cristalino, que caracteriza a catarata, que provoca acentuada diminuição visual.

Alguns distúrbios visuais podem ter como causas patologias que atingem os olhos e provocam alterações na visão, como por exemplo, o diabetes (retinopatia diabética, devido a má circulação sangüínea da retina provocada por vasos sangüíneos alterados pelo processo de aterosclerose) e a hipertensão.

O envelhecimento dos neurônios se inicia por volta dos 30 anos, levando a uma perda de células com conseqüente diminuição do peso do cérebro, que na terceira idade chega a pesar 10% a menos.

Há uma diminuição na irrigação sangüínea devido ao estreitamento das artérias. A conseqüência deste processo é uma diminuição da função celular, levando a queda na atividade cerebral, levando assim, a diminuição da memória.

Os tremores, os tiques e as alterações de voz (presbifonia: processo de envelhecimento vocal), fala e linguagem também podem ocorrer na terceira idade. Os distúrbios da gustação e do olfato podem também ser manifestações de certas patologias.

O acidente vascular encefálico, as demências e a Doença de Parkinson são as principais patologias neurológicas que acometem a terceira idade.

O estudo do sistema nervoso é feito através da Tomografia Computadorizada e da Ressonância Nuclear Magnética. O exame do liquor em geral é realizado para o estudo das infecções e dos processos imunológicos que atingem o sistema nervoso; e o Eletroencefalograma estuda a epilepsia. A Angiografia Cerebral deve ser realizada em determinadas ocasiões em que seja necessário um estudo dos vasos cerebrais, destacando-se os aneurismas intracranianos e as mal-formações artério-venosas.

Com apenas um resumo sobre o processo do envelhecimento e as principais patologias que acometem a terceira idade, podemos ter uma ampla idéia da diversidade do trabalho da Fonoaudiologia Gerontológica, onde podemos oferecer condições de vida muito melhores aos idosos, prolongando assim, o tempo de maior qualidade de vida para estes pacientes.